

Santa Casa de Misericórdia
.jpg)
Localização: Rua Raimundo Corrêa, 55
São Gonçalo do Sapucaí-MG
Após alguns anos da fundação do arraial a situação cultural no que se refere a educação resumia-se na hipótese de existir alguns estabelecimentos particulares, ou pelo menos havia professores que ministravam poucas aulas particulares a domicilio, aos filhos dos mais abastados e favorecidos pela sorte, como era costume da época. Nisso não estamos fugindo a realidade daqueles tempos.
Povoado tão pequeno como o de São Gonçalo no seu surgimento, lutou ainda para evadir-se de tamanha falta de instrução, sem lograr êxito nestas questões, a não ser os proprietários com maiores recursos que podiam enviar seus filhos à cidade vais desenvolvidas, para concluírem os estudos. Conta-se que o custo para manter um aluno no internato no Colégio Sagrado Coração de Jesus, Colégio Irmãos Maristas, em Varginha, ficava em tomo de 1:500$000 contos de reis. Procuravam também outras cidades, Vila Rica, Mariana, Ouro Preto, Diamantina, S. João Del Rei, e Rio de Janeiro.
Mas mesmo assim eram poucos, pois, estes mesmos lutavam naquela época com o problema maior que era a mineração e o desbravamento das terras, do assentamento definitivo de suas propriedades e com o cultivo delas, tornando-se assim estas preocupações próprias, maiores do que com a cultura dos filhos. Havia alguns rudimentos da instrução de primeiras letras, apesar de tudo. Os primeiros ensinamentos eram ministrados pelos mais letrados. Muito antes do surgimento da 1º escola, os filhos dos fazendeiros se reuniam em volta das mesas das grandes fazendas, mesa está cercada de doces, quitandas, e tantos bolos e broas deliciosos, feitos no fogão de lenha, pelas mulheres escravas, sob a orientação das mulheres dos fazendeiros, para assim aprenderem com os mais letrados, um pouco de ensinamento, e ter um pouco de religiosidade.
Quanto à situação cultural dos primeiros anos da fundação de São Gonçalo infelizmente, pouca coisa nos foi dado colher dos primeiros tempos. Admitimos, no entanto, a hipótese da existência de alguns estabelecimentos particulares, ou pelo menos havia professores que ministravam aulas particulares, a domicilio, aos dos mais abastados e favorecidos pela sorte, como era costume da época. Nisso não estamos fugindo a realidade daqueles tempos. E como reforço à nossa opinião registramos aqui o seguinte trecho de um historiador, que ao se referir à opulência do casal Alvarenga Peixoto- Bárbara Heliodora que diz: “Sua casa em São Gonçalo era a mais abastada do lugar. Não lhe faltava nada, ricas baixelas de prata, custosa mobília de talha, cortinas adamascadas nas janelas, muitas mucamas para o serviço doméstico, Mestre dos mais sábios daqueles para instruir e lecionar os filhos”
Conseguimos, todavia, após buscas diversas, nominalmente em jornais da época, saber da existência de vários estabelecimentos de ensino no século XIX antes da criação da Escola Estadual “Dr. João Pinheiro”.
Assim registramos, entre outros que escaparam às pesquisas, a existência dos seguintes educandários: O Colégio Dalle que existiu no tempo do Barão do Rio Verde, tendo sido criado pelo mesmo e regido pelo professor Luiz Dalle Affalo, as aulas provavelmente tenham sido no próprio casarão do Barão.
Colégio Pimentel, sob a direção do Padre Antônio Mariano Pimentel era um internato somente para os meninos. Existiu aproximadamente no período de 1860 a 1867, ano em que foi extinto. Foi nesse Colégio que Lúcio de Mendonça, “o verdadeiro fundador da Academia Brasileira de Letras. estudou suas primeiras letras, ou melhor, foi esse o primeiro estabelecimento de ensino frequentado por aquele que viria mais tarde, ao lado de outros expoentes intelectuais da época como Machado de Assis e Raimundo Corrêa, fundar a Casa dos Imortais. Lúcio de Mendonça, segundo uma de suas biografias (Lúcio Mendonça — Edgar E. Carlos S. de Mendonça — pág. 68) frequentou esse Colégio como aluno interno nos anos de 1864 a 1867, então sob a direção de Francisco de Paula Monteiro.
Havia também um Externato para meninas, dirigido por Dona Carolina Lustoza que existiu aproximadamente por volta do ano de 1875. Na mesma época, existia um Colégio para meninos, dirigido pelo padre José Ferreira de Ataíde.
Havia também o Colégio S. Gonçalo (ou São-gonçalense), com cursos primários e secundários (internato e externato), fundado em 1880 (ou 1882) pelo Cel. João Bressane de Azevedo e seu irmão Dr. Francisco Bressane de Azevedo, onde foram professores, além dos seus fundadores e outros, o Dr. Lúcio de Mendonça e o professor Carlos Lentz.
Nessa mesma época, existia também em São Gonçalo um Colégio para meninas, dirigido por Dona Ester Carolina de Lemos Porto, ainda nesse mesmo tempo, havia em São Gonçalo três escolas públicas (“A Ordem” nº 102 - col. Museu da Campanha): ao que parece, eram as mesmas mantidas pelo governo do Estado.
Havia também o educandário Liceu de São Gonçalo do Sapucaí, criado em 1881 que era um internato para meninos, sendo o eu Diretor José Gomes dos Santos Guimarães.
Em 1908, graças aos esforços do então deputado estadual, Cel. Manuel Alves de Lemos, tivemos a criação em São Gonçalo do Grupo Escolar “Dr. João Pinheiro”.
O Grupo Escolar “Dr. João Pinheiro”, foi instalado em 29 de abril 1908, foi o primeiro estabelecimento de ensino de São Gonçalo do Sapucaí, criado pelo decreto número 2.203, de 11 marco 1908, publicado no Minas Gerais de 12 marco 1908, com o nome de Grupo Escolar “Dr. João Pinheiro “em homenagem ao então Presidente de Minas Gerais, Dr. João Pinheiro.
A escrita do terreno adquirido por doação do Dr. Antenor Azevedo Lemos, foi assinada em 9 abril 1908 no livro fis. 45 a 46 “verso” no Cartório do segundo Oficio de Pompílio Toledo. Registro de escritura 15-12-1910, livro número 03, Auxiliar B, fis 04 reg 32. Escritura de compra e venda: Cartório do 1 Oficio em 179-1904. Imóvel: um sobrado de 2 andares e seus terrenos, situados à Rua Alta.
No dia 27abril 1908, tomou posse o primeiro diretor Sr. Tenente Cel. Marciano Eugênio de Souza Ferraz, que administrou até 31 janeiro 1917, que posteriormente em 1959 foi um dos fundadores da escola Estadual “Dr. Marciano Ferraz”. De acordo com o artigo 39 do Regimento Interno dos Grupos dos Escolares, prestou exame e matriculou-se no 1 ano da cadeia do sexo masculino o aluno Alcindo Guanabara de Toledo, filho de João Toledo, com 7 anos de idade.
No 2º ano, prestaram exames e matricularam-se os alunos: Augusto Maria Junho, com 12 anos e Alfoncis Benedita Junho, com 12 anos. No dia 21 de janeiro 1909, houve o termo de instalação das primeiras aulas. As festas de inauguração do estabelecimento de ensino primário foram solenes, estando presentes o Inspetor Técnico, Lafayette Brandão e o Inspetor Escolar Municipal, o Cel. Olympio de Paiva. O acontecimento marcou época na nossa história, visto como até então só tínhamos “Escolas Reunidas”.
Foram seus primeiros professores: - o emérito educador Marciano Ferraz, que o dirigiu por muitos anos, com inteligência, bondade e energia, professora Julieta Cândida de Azevedo, Alfredo Galdino Dias, Perolina Vilela de Lemos Carvalho, Alfredo Galdino Dias, Ernestina Bressane, Idalina Borges Fleming e Leonina Cândida de Lemos. A primeira funcionária serviçal do grupo - a bondosa Josefina da Silva, mãe da Benigna (Binga). Seu Américo Bueno foi o saudoso porteiro do grupo por vários anos. Tivemos ainda o primeiro Inspetor técnico Sr. Lafayette Brandão e o Primeiro Inspetor escolar municipal — Cel. Olímpio de Paiva
A E. E. “Dr. João Pinheiro”, que iniciou com 380 alunos, em 1958 contava com três turnos, tendo muitos funcionários em exercícios.
A Escola achava-se situada na Rua Senador Manuel Alves De Lemos, em estilo eclético com tendências ao colonial.
O prédio escolar não mais oferecia condições tanto na parte de suas estruturas como também por falta de espaço. Sendo proposto assim a construção de um novo prédio, situado no mesmo terreno, porém, em sentido oposto, pois antes da reforma possui fachada voltada para a frente à Rua Senador Manoel Alves de Lemos. O terreno foi cedido pelo Dr. Antenor Azevedo Lemos. O novo prédio foi construído em estilo eclético com tendências ao neoclássico de boa construção terminada em 1933. Edificação construída no início do século XX, para uso educacional.
O partido arquitetônico desenvolve planta “em U”, em um e dois pavimentos devido ao desnível do terreno, no alinhamento do passeio, com afastamento no fundo, em nível acima em relação à rua. Sistema construtivo de alvenaria autoportante de tijolos maciços, sobre base alteada de pedra cobertura em estrutura de madeira de telhas cerâmicas.
Os materiais nesta época vinham através do trem que chegava na estação vindo de Campanha. Além dos pedreiros e ajudantes que foram contratados na época podemos destacar a atuação dos pedreiros são-gonçalenses João China, Abílio negro casado com uma italiana, O Juca com o irmão do Augusto Massini. O projeto foi feito pelo Dr. Engenheiro Marcos lima da cidade de Varginha. Os recursos para a construção na época vieram do Estado.
No período de 2004 a 31 de maio de 2009 tendo como diretora a Sra. Lilia Ferreira Almeida, a edificação passou por uma grande reforma onde foi trocado todo o telhado que era de telhas planas cerâmicas do tipo francesas, colocado forro de madeira em todas as salas, cantina e construídos as salas para professores e vídeo. Sob a direção da Sra. Jane Alves Guedes foi construído a sala de laboratório. O dia 27 de abril de 1908 ficou na história do município, por ter sido, nesta data, criado o primeiro estabelecimento de ensino em nossa cidade com o nome de Grupo Escolar “Dr. João Pinheiro” este ato marcou o início da evolução da educação no município, pois naqueles tempos o ensino não era disponível para todos, poucos tinham condições de enviar seus filhos para estudo em outras cidades.
A Escola Estadual “Dr. João Pinheiro”, de arquitetura imponente constitui um marco referencial e contribuiu para formação educacional de muitos ilustres são-gonçalense e simboliza o ponto de partida para os melhoramentos do ensino e cultura do município. Estes valores levaram a Escola Estadual Dr. João Pinheiro a ser reconhecida como patrimônio Cultural.
O Grupo Escolar, atualmente denominado Escola Estadual “Dr. João Pinheiro” - está situada no centro da cidade, à Rua Raimundo Corrêa n. º 55.
O entorno do bem tombado inclui edificações residenciais, comerciais, serviços (Prefeitura, Praça Bárbara Heliodora, Praça Antenor Azevedo, Igreja Matriz de São Gonçalo, Casa da cultura, Fórum. Todo o entorno é composto em sua maioria de residências um e dois pavimentos em escala simples, com exceção da Matriz que possui escala maior. Em pleno início do século XXI, a área apresenta alguns exemplares de edificações do século XIX como a Casa da Cultura, O casarão construído pelo bisavô do Senador Manuel Alves de Lemos, em meio a edificações contemporâneas acometidas por várias intervenções não definindo assim um padrão ou estilo arquitetônico.
______________________________________
Texto fornecido pelo Departamento de Cultura de São Gonçalo do Sapucaí-MG
GALERIA DE IMAGENS
Fotos de Uillian Santiago
![]() | ![]() | ![]() |
|---|---|---|
![]() | ![]() | ![]() |
![]() | ![]() | ![]() |
![]() |









