Igreja Nossa Senhora do Rosário

Igreja de Nossa Senhora do Rosário

A igreja de Nossa Senhora do Rosário foi construída provavelmente no início do século XIX, sendo constituída a irmandade de Nossa Senhora do Rosário, do qual em seus compromissos (estatuto) não fazia distinção de idade cor e classe. No artigo segundo encontramos como finalidade principal da irmandade, promover com solenidade possível todos os anos a Festa de Nossa Senhora do Rosário e socorrer os irmãos que caírem em indigência. A irmandade foi a responsável pela arrecadação, 'através de leilões e doações dos recursos financeiros para a construção da Igreja do Rosário para uso eclesiástico.

Lamentavelmente não conseguimos fixar a data exata de sua construção e nem a dada da fundação desta Irmandade, não se encontrando mais nesta paróquia o livro que poderia desvendar tal ocorrência. Provavelmente sua existência data do princípio do século XIX, ou fins do século XVIII. Que a Capela já existia em 1820, no entanto, não resta dúvida, pois uma lista de confrades nos foi mencionada pelo venerando zelador da Igreja do Rosário, Sr. Américo Bueno da Costa.

Fato também interessante é a existência de uma inscrição em um dos sinos da referida Igreja; diz a mesma: “Viva Nossa Senhora — 1808”.

O relógio foi instalado em 1913 dor RN Francisco A. Pereira tendo como ajudante Cyriaco e ereto o Cabral de acordo com o escrito a tinta na peça de madeira que protege o relógio:

Dessa importante Irmandade conseguimos ver a reforma dos seus “Compromissos” (Estatutos), que foi feita em 17 de agosto de 1888, composta de 5 capítulos e 35 artigos, pelos quais se estabeleceram não só os direitos e obrigações de seus irmãos confrades, como também criaram normas e condições para a realização da Festa do Rosário e também assim o número dos componentes e eleição anual da Família Real (Rei, Rainha. Príncipes, Juízes de Varas, Capitães de Mastros, etc.), cuja eleição é feita pela Mesa Administrativa da Irmandade. Esse documento está devidamente registrado no Bispado de Mariana, de cujo Bispo se recebeu a provisão necessária. Foi registrado também na Secretaria do Governo Provincial, as fis. 121 do livro próprio, em 6/12/1888.

O Cel. Manuel Alves de Lemos foi Tesoureiro da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário por mais de 50 anos, bem como muito contribuiu para a reforma da atual IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO nesta cidade, além dos inúmeros membros da irmandade.

Por volta de 1913 pode-se observar através de registro fotográfico a grande reforma e ampliação, estando o relógio datado de 1913, já instalado é que a igreja havia tomado sua forma e proporções tal como se encontra construída.
A Capela do Rosário foi construída com madeiras lavradas a machado e adobe, vindo de fazendas da região como a Fazenda do Cel. Manuel Alves de Lemos, sendo transportados por carros de boi até a parte alta da cidade de onde se constituiu o largo do Rosário.

Localização: Praça Getúlio Vargas

São Gonçalo do Sapucaí-MG

Dentre outras pequenas reformas Dona Elza Rodrigues participou de várias reformas. Quando resolvia fazer alguma coisa pela igreja não pensava duas vezes, cercava todas as pessoas que tinham boas condições financeiras e ia pedindo um lustre, um banco, uma imagem para a igreja.

No largo do Rosário havia também o cemitério dos escravos perto da Capela. Antigamente, contam-se os antigos, que era rodeado por um muro de taipa ou adobe.

Na administração do Dr. Hervê de Campos Vargas, foram construídas as obras de calçamento do Largo, em 6/6/1976 era o presidente da Câmara na época Sr. Laurentino Luiz Gomes.

Existia também um coreto ao lado da Igreja. Segundo Sr. Aloísio Pereira Ribeiro residente do largo a 75 anos no largo do Rosário havia um curral da Irmandade onde animais encontrados nas ruas da cidade, eram presos e para a soltura dos mesmos, seus donos tinham que pagar cinco mil reis. Uma das atrações que acontecia no largo era os Circos, parques, touradas que eram instalados ali e movimentava o local.

Atualmente o largo onde está construída a igreja é constituída por residências de um e dois pavimentos sendo ladeada por uma concha acústica, o entorno em escala simples, inclui edificações residenciais, comerciais, serviços e a Praça Getúlio Vargas. Em pleno início do século XXI, a área apresenta edificações contemporâneas acometidas por várias intervenções não definindo assim um padrão ou estilo arquitetônico.

A Igreja do Rosário Possui partido arquitetônico em planta retangular que se desenvolve no sentido longitudinal composta por naves laterais incorporadas a nave central, nave da capela-mor destacada e com pé-direito diferenciado. Possui torre central. O sistema construtivo utiliza na fundação pedra e recebe alvenaria de tijolos maciços e reforços estruturais, vigas e pilares de concreto, consorciados com estruturas originais de tijolos maciços e adobe.

Durante muitos anos, D. Elza Rodrigues, antiga professora de português da Escola Bárbara Heliodora, foi a zeladora incansável e eficiente da Igreja do Rosário.

Sr. Aloísio Pereira oitenta e dois anos trabalhou como comissário para arrecadar dinheiro para a reforma da Igreja na época do Pe. Fausto. Ouviu dizer de sua mãe Maria Inalia Pereira que a pequena capela que era de adobe, cobertura em duas águas, sem torre e foi sendo ampliada. Na igreja a parte destinada a sacristia ainda é de adobe. A ampliação foi graças aos trabalhos da irmandade e de voluntários que realizaram leilões de arrecadações, barraquinhas.

Em uma das Festas do Rosário, a Igreja recebia um grande número de fiéis, quando após trocar parte do assoalho apodrecido nas naves laterais, O assoalho central que não havia sido trocado veio a afundar assustando os fiéis. Sempre com arrecadações nas festas e doações generosas foi o assoalho todo arrumado. A torre é construída em madeira sendo revestida por chapa de zinco, um emaranhado de peças.

Aos vinte e três de março de 1939, foi elaborado e assinado pelo Vigário Pedro de Castro, bispo diocesano Dom Inocêncio Engelke e membros da irmandade, documento ao qual a irmandade reconhece a Igreja de Nossa Senhora do Rosário como parte integrante da Paróquia de São Gonçalo do Sapucaí e assim todos os direitos da autoridade eclesiástica no que diz respeito á posse e administração da referida Igreja.

Entre os anos de 1990 a 2006 a igreja foi pouco utilizada ficando aos cuidados do Sr. Aloísio Pereira. Em abril de 2006, quando era presidente o Sr. João Arnaldo Rufino, tendo como pároco local o Pe. Luzair Coelho, houve conhecimento do novo estatuto, sendo aprovado em 30 de abril de 2006.

Renilda Maria Ferreira dos Santos e o seu esposo Sr. Osvaldo Henrique Vilela dos Santos fizeram a última reforma na Igreja onde foi realizada a pintura externa utilizando recursos dos leilões e a pintura interna foi realizada com doação de tintas por Dona Norma Barouch.
Na Igreja de Nossa Senhora do Rosário acontece a Festa do Rosário, um dos principais eventos religiosos que ocorre no município.
Realizada parte de suas comemorações na Igreja do Rosário, é esta festa patrocinada e regulada pela Irmandade de Nossa do Rosário, com certeza desde a reforma dos seus “Compromissos” (Estatutos) que foi feita em 17 de agosto de 1888 onde se estabeleceu normas e condições para a realização da Festa do Rosário.
A tradição vem ainda da época da escravatura. Os negros, para honrar à Virgem do Rosário, faziam batuques e danças, acompanhados de rezas e cantorias. Mais tarde foram introduzidos os santos negros, Santa Ifigênia, São Sebastião, São Benedito e Santo Antônio. E como o Pentecostes, na maioria das vezes ocorre em maio, colocou-se a devoção ao Espirito Santo.

O jornal “A opinião - Nº847 04/06/1944-p.04-02 traz em sua página nº04 O seguinte artigo: “Festa do Rosário, Festa do divino, Festa do Espírito Santo são nomes pelos quais se tomou conhecida em quase todo o Brasil as festas de Congadas, que todos os anos se realizam nesta cidade, desde épocas remotas e que se tomou uma tradição que o povo guarda com carinho. Festa do Rosário, foi assim denominada em virtude de se realizarem, desde 1864, na então Capela do Rosário, todos os festejos do Congo, cujos patronos continuam sendo São Benedito, São Sebastião é Santa Ifigênia. “E essa Festa a maior e mais movimentada que se realiza em São Gonçalo do Sapucaí, e que traz à cidade um movimento desusado de visitantes e comerciantes ambulantes, roubando-lhe nesses dias a sua quietude e monotonia tão gostosa”.

Sr. Jorge Teodoro conhecido como Jorge Bala, morador do largo do Rosário, relembra como era a festa com barracas feitas de esteiras de bambu, palha de arroz no chão, muito quentão, pastel de fubá, e o inesquecível carrinho de pipoca do Sr. Tião Carimba. O leilão após a missa cantado pelo Sr. Ezidio com muita animação e alegria. A banda era coordenada pelo Sr. César Sodré, com os componentes Ditinho Delfino, Paulinho Omar, Mundico, Sr. Benedito, Rei do Manco, Tião Sapateiro, Vicente e outros. Nos dias da festa os temos ficavam batendo as caixas o dia todo, andavam pelas ruas do largo visitando a casa do Reio e Rainha. A coroação era feita em frente à Igreja do Rosário com um palco montado com uma enorme coroa feita de papel laminado. Havia o serviço de alto-falantes onde as pessoas ofereciam músicas e mandavam mensagens. Lembra também do Sr. João Rufino sacristão da Igreja que residia na cata Funda e do Sr. Américo Bueno. Francisco Rufino, mais conhecido como Chico Sacristão deixou relatado que antigamente, toda a renda da festa, era revertida para a então capela do Rosário, os membros dos Homens Pretos usavam tal renda para comprar escravos que ainda existiam na região em fazendas e inúmeras propriedades de barões daquela época. Quando estes escravos chegavam em São Gonçalo do Sapucaí eram alforriados em frente a Capela de Nossa Senhora do Rosário, como forma de devoção e agradecimento.

A Festa em si toma a Igreja não apenas um lugar para celebrações, mas também como um principal atrativo aos moradores de São Gonçalo e as comunidades vizinhas, com a dança dos temos de congadas.

No dia a dia a igreja permanece fechada sendo aberta para a realização de encontros de fieis, grupo de jovens. A responsável pelas chaves é da cunhada do Sr. Aloísio Pereira a Senhora Maria Zélia, além da cópia que fica na casa paroquial. São celebrados casamentos, batizados, Celebração Eucarística uma vez por semana, novenas, fica a capela do santíssimo aberta para visitação, celebrações da Semana Santa.

Na Igreja de Nossa Senhora do Rosário acontece a Festa do Rosário, um dos principais eventos religiosos que ocorre no município. A Festa do Rosário, Festa do divino ou Festa do Espírito Santo são nomes pelos quais se tornou conhecida sendo que todos os anos se realizam nesta cidade, desde épocas remotas e se tornou uma tradição.

Estes valores levaram a Igreja de Nossa Senhora do Rosário a ser reconhecida como patrimônio Cultural.

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Texto fornecido pelo Departamento de Cultura de São Gonçalo do Sapucaí-MG