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Igreja Matriz São Gonçalo do Amarante

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Localização: Praça Antônio Carlos

São Gonçalo do Sapucaí-MG 

Há várias informações através de publicações e registros sobre a Capela de São de Gonçalo. Frente a estas publicações pressupõe-se que a Igreja Matriz fora construída no mesmo local de onde surgiu o núcleo de povoamento do então arraial passando por várias reformas e ampliações no decorrer dos anos.

 A Igreja Matriz está localizada na área urbana da cidade de São Gonçalo do Sapucaí, na Praça Barão Rio Verde. O entorno da Igreja é constituído pela Praça e por edificações de um e dois pavimentos residenciais, comerciais e institucionais, como Prefeitura, Praça Cel. Alberto Siqueira, Praça Antenor Azevedo, Casa da cultura, Colégio João Pinheiro, Fórum.

 O passeio apresenta bom estado de conservação. O cercamento da edificação é feito por gradil. A rua é em pavimentação asfáltica. Apresenta infraestrutura de água, esgoto, e boa iluminação. Em pleno início do século XXI, a área apresenta alguns exemplares de edificações do século XIX como a Casa da Cultura, O casarão construído pelo bisavô do Senador Manuel Alves de Lemos, em meio a edificações contemporâneas acometidas por várias intervenções não definindo assim um padrão ou estilo arquitetônico.

QUANTO A SUA ORIGEM 

Em uma carta do Cabido de São Paulo ao de Mariana, à propósito da questão de limites entre esses Bispados, inserta na Publicação Oficial dos documentos existentes no Arquivo do Estado de São Paulo, volume XI pág. 195, encontra-se a afirmação de que foi o Bispado de São Paulo o criador das cinco igrejas erectas nos descobertos ao Sul do Rio Grande e em cuja posse se manteve até 19 de setembro de 1749, data em que D. Manoel da Cruz reivindicou a posse delas para o Bispado de Mariana. 

Entre essas igrejas encontra-se a de Campanha erecta sob a invocação de Santo Antônio do Valle da Piedade, da que era filial a Capela de São Gonçalo. 

Conforme o testemunho do Ouvidor da Comarca do Rio das Mortes, Cypriano José da Rocha, em dezembro de 1737 ainda não existia a igreja de Campanha, portanto é de se prever que também não estivesse construída a Capela de São Gonçalo. 

Em 1743, embora ainda continuasse a repartição de terras e águas de mineração, já era regularmente povoado este descoberto, o que lhe valeu, como se verifica no auto lavrado pela Câmara de São João Del-Rey a dois de março desse ano, a denominação de arraial de São Gonçalo da Campanha do Rio Verde. 

É fato sabido que os minerantes que penetravam pelos nossos sertões uma vez definitivamente instalados tinham como primeiro cuidado a construção de uma capela e está se tomava quase sempre o núcleo de uma povoação. 

É de se presumir, portanto, que á existisse em 1743 a Capela de São Gonçalo e que este emprestasse ao arraial o nome de seu padroeiro São Gonçalo do Amarante. Segundo o Pe. Luzair Coelho de Abreu, a imagem de São Gonçalo do Amarante é tão antiga quanto à própria Paróquia da cidade. De acordo com o religioso, acredita-se que a imaginária tenha sido trazida de Portugal para a região no primeiro quartel do século XIX, na época da inauguração da nova Paróquia, no ano de 1819, onde ainda permaneço exposta no interior do templo, sendo adorada e venerada diariamente pelos moradores e visitantes do município de São Gonçalo do Sapucaí .

Em 1743 já residiam neste descoberto os Padres João Rodrigues de Amorim, Francisco de Araújo Menezes e Dr. João Bernardo da Costa Estrada, todos possuidores de catas minerais, sendo que este último já era Vigário da igreja de Santo Antônio do Vale da Piedade e que após a criação do Bispado de Mariana, foi nomeado a 30 de maio de 1748 Vigário da Vara do distrito da Campanha do Rio Verde. Por sua vez, os livros de registro da Diocese da Campanha nos informam ter sido o padre Antônio Garcia da Rosa o primeiro capelão (29/11/1748 a 1750) na Capela de São Gonçalo.

 Que a Capela de São Gonçalo já existia, em 1749 é fato incontestável, porque no 1º livro de óbitos da Igreja de Campanha à cargo do Vigário Costa Estrada, os assentos de óbitos e enterramentos ocorridos no arraial de São Gonçalo começaram no mês de outubro de 1749.

 Entre os óbitos registrados encontra-se o de Maria Efigênia, filha de Bárbara Heliodora que foi sepultada no dia 10 de maio de 1794 na capela de São Gonçalo, com a idade de 13 anos.

 Pela sua certidão de óbitos, sabemos que Bárbara Heliodora foi sepultada na mesma Capela de São Gonçalo. Todavia consta que o Ver. Padre e o Dr. Alberto Carlos da Rocha, quando da demolição de parte da referida igreja (em 4920/1921) fizeram a exumação dos seus restos mortais, que, misturados a outros, foram levados em procissão, em um dia de finados, para o cemitério local, onde foram depositados em um Ossário comum. Essa informação foi prestada, em carta, pelo Ver. C. Francisco Bueno de Serqueira, o qual foi vigário desta paróquia durante muitos anos.

O 1º Batizado na Capela de São Gonçalo do Sapucaí foi assim descrito: Aos vinte e nove de janeiro de mil setecentos e quarenta e oito, nesta freguesia de Santo Antônio do Vale de Piedade da Campanha do Rio Verde, na Capela de São Gonçalo, filial desta freguesia, de licença minha, o reverendo Antônio Garcia da Rosa batizou Ana, filha legitima de José Ousano e Inês, ambos forros, foram padrinhos Felipe Mendes, escravo de Francisco Xavier e Luisa, minha forra; de que fiz este assento que assinei. O vigário Luís da Rocha Pinto”. (Pág. 3 do 1º livro de batizados da Campanha. Retirado do Livro “Diocese da Campanha” - Mons. José do Patrocínio Lefort).

 O Alferes Inácio Monteiro de Noronha à 28 de fevereiro de 1835 iniciou uma ação contra o vigário da Freguesia de São Gonçalo, Padre Manuel da Silva Campos, à propósito da posse de terras no arraial de São Gonçalo e entre as testemunhas apresentadas para defesa dos direitos da Igreja figura o padre João Gonçalves de Carvalho.

 Em seu depoimento o Padre Carvalho afirmou ter ouvido ao Padre Francisco Mendes Ribeiro, nascido em São Gonçalo em 1760 e aqui sepultado em 1825, que a capela de São Gonçalo fora edificada por esforços do Sargento-mor Luiz Moreira em terrenos por este doados ao povo para construção de casas de moradas.

 Acredita-se que já existia uma pequena capela de madeira no local onde hoje está edificada a Igreja Matriz. Do livro Minha Terra de celeste Noviello encontramos segundo a autora um Interessante e precioso documento existente no arquivo Nacional, datado do ano de 1830, constante de uma longa e bem fundamentada representação dos habitantes da povoação de Sã Gonçalo do Sapucaí, dirigida a sua Majestade Imperial, dando-lhe conhecimento de que se acham resolvidos a mudar a referida povoação de local devido a precárias condições que se encontrava O arraial devido as explorações minerais. Em um d s trechos encontramos: “A igreja Matriz, não concluída, está próxima a cair pela mesma razão da umidade, pois que, sendo de madeira não pode resistir a este dano: destes males resultam graves enfermidades que afligem e ceifam a vida dos tristes moradores de São Gonçalo.

 Obsta, porém, Senhor, à execução deste útil projeto à falta de meios para edificação da nova Matriz no lugar; igualmente sabem muito bem os suplicantes que competindo à Nação a despesa da obra, em virtude dos dízimos que para a manutenção do culto religioso recebe, está o Tesouro Público destituído de meios para este fim, e é por isso que requerem a V. M, Imperial a concessão de quatro loterias de 400 contos anuais para fornecer a tão pia obra, lembrando a V. M. Imperial que da velha igreja feita à custa dos moradores antigos ainda há coisas aproveitáveis como Altar Mor, outro colateral, portas, janelas, telhas, engradamento e tudo que achar em boas condições.

 "Os bilhetes das loterias só poderão correr com facilidade na Corte, porque em Minas, por falta de numerário, não é fácil a sua pronta extração. Para a Vossa Majestade Imperial seja servido atendendo à jus iça dos Suplicantes de ferir-lhes benignamente como pede o público interesse”.

 Consta também em publicação do jornal local Opinião que: “Dr. Alberto Carlos da Rocha, prestou inúmeros serviços a sua terra natal, valendo-se destacar a sua atuação na construção da Igreja Matriz, em 1901 antes da demolição de parte da referida igreja em 1920/1921.

 A Igreja que se tem registro fotográfico se apresentava em estilo eclético com tendências ao neoclássico com grande número de elementos arquitetônicos.

 Possui partido arquitetônico em planta em forma de cruz, que se desenvolve no sentido longitudinal, composto por naves laterais incorporadas a nave central, porém com pé direito menor, nave da capela-mor destacada e naves laterais no sentido transversal, com pés-direitos diferenciados. Possui anexo em forma de “U" que se incorporam a forma que constitui sacristia e escritório paroquial. Possui duas torres laterais. O estilo arquitetônico é marcado pela presença de elementos ecléticos, com predominância de detalhes neoclássicos.

O sistema construtivo” utiliza na fundação pedra e recebe alvenaria de tijolos maciços e reforços estruturais, vigas e pilares de concreto.

 No ano de 1927 a Igreja passou por uma grande reforma: pinturas de painéis, assentamento de assoalhos. Foi bento e entregue -o culto o novo altar mor.

 Na igreja antiga, do lado de fora, havia uma cruz com lâmpadas iluminando o lugar do Padroeiro.

 Houve uma campanha eficiente para angariar donativos. O brilhantismo dos famosos “sermões” do professor João Cunha quando pároco da cidade, foram convincentes.

 O interior da Capela Mor da Igreja matriz em 1927 era constituído por um altar mor de granito artificial polido, apresentando o aspecto de mármore colorido, cujos capitéis são bronzeados. Sobre quatro colunas, repousava a mesa de pedra retangular e sobre esta se apoiava o sacrário de bronze e a base, onde assentavam as colunas que ladeavam os três nichos. O do centro, o maior, destinado à imagem do padroeiro. Sobre estas colunas assenta um entablamento e sobre este o frontão que coroa o nicho central, que é ocupado por emblemas da fé, esperança e caridade. No entablamento, sobre pequenas bases, vão ser colocados também anjos de bronze. Na parede do fundo e no teto da capela-mor, encontram-se painéis referentes a fatos da Vida de Jesus, São Pedro e São Gonçalo. O assoalho da capela está dividido em dois planos de nível diferente, separados por elegante balaustrada de cimento armado imitando mármore, tendo ao centro pequena porta de ferro bronzeada. As lâmpadas de iluminação elétrica são todas escondidas e quatro Refletores, convenientemente, colocados na parede que separa a nave central da Igreja, concentrando a luz sobre o conjunto do altar. O colorido discreto dos vitrais converge luz para o centro, sugerindo paz e elevação do Senhor. Neste ano de 1927, o Jornal Opinião publicou: “O belo projeto do Sr. Agostino Odíssio, professor de arquitetura e escultura, que em vários trabalhos artísticos, quer na Europa e quer no Brasil tem posto à prova sua competência profissional.

 Secundaram o professor Odíssio na construção do altar estes hábeis artífices irmãos Caprara, Raia e Eiras, cabendo aos primeiros a execução dos painéis e todas as pinturas a óleo. Os pedreiros podemos citar pedreiros são-gonçalenses o João China, Abílio, O Juca e Jácomo irmão do Augusto Massini. Os materiais nesta época vinham através do trem que chegava na estação vindo de Campanha, os tijolos das olarias daqui mesmo de são Gonçalo.

 Ao professor Odíssio e auxiliares apresentamos nossos parabéns pela inteligência e competência, que lhes foi investido pelo nosso pároco Cônego Francisco Maria Bueno de Siqueira, ora licenciado,

 “O altar-mor como está construído representa trabalho de grande valor e incontestavelmente vai concorrer para realce do nosso templo”. Opinião 1927.

 

RELÓGIO

 

De acordo com o Pe. Luzair Coelho de Abreu, o relógio mecânico da torre da Igreja Matriz foi comprado na cidade de São Paulo na época da última grande reforma feita no templo no ano de 1927. Desde então o relógio continua em plena atividade, sendo uma importante referência para os moradores de São Gonçalo do Sapucaí.

 A escada interna que conduz o acesso a torre direita onde está localizado o relógio é de madeira, sendo que algumas de suas partes estão carcomidas por cupins e outras pragas. A expectativa do Pe. é que em breve esta seja substituída por uma de metal ou alvenaria, como é a que dá acesso aos sinos na torre esquerda da Igreja Matriz.

 

SINOS

 

Segundo o Pe. Luzair Coelho de Abreu, os três sinos pertencem a Igreja Matriz de São Gonçalo do Sapucaí desde a primeira reforma que foi feita na primeira capela erguida na região, no final do século XIX onde foram erguidas as duas torres do templo, e desde a referente época participam ativamente da vida da comunidade são-gonçalense acostumada com seus toques diários.

 Na igreja acontece a Festa de São Gonçalo do Amarante, um dos principais eventos populares que ocorre no município. A festa em si torna o espaço não apenas em um lugar para celebrações, mas também como um principal atrativo aos moradores de São Gonçalo e as comunidades vizinhas. A festa e a imagem de São Gonçalo do Amarante, além de serem dotadas de imenso valor histórico e simbólico, refere-se ao padroeiro da comunidade são-gonçalense, que tem sua identidade religiosa através de sua grande celebração.

 Segundo o Pe. Luzair Coelho de Abreu, a imagem de São Gonçalo do Amarante é tão antiga quanto à própria Paróquia da cidade. De acordo com o religioso, acredita-se que a imaginária tenha sido trazida de Portugal para a região no primeiro quartel do século XIX, na época da inauguração da nova Paróquia, no ano de 1819, onde ainda permanece exposta no interior do templo, sendo adorada e venerada diariamente pelos moradores e visitantes do município de São Gonçalo do Sapucaí.

 Na igreja Matriz São Gonçalo do Amarante no dia 10 de janeiro acontece a Festa de São Gonçalo, um dos principais eventos religiosos que ocorre no município. A festa em si tona o espaço um lugar para celebrações, e atrativo aos moradores de São Gonçalo e as comunidades vizinhas. A festa e a imagem de São Gonçalo do Amarante, além de dotadas de imenso valor histórico e simbólico, refere-se ao padroeiro da comunidade são-gonçalense, que tem sua identidade religiosa através de sua grande celebração nesta Igreja.

 No seu dia a dia a igreja fica aberta no horário de 8:00 as 11:00hs e de 13:00hs até a celebração da missa que começa às 19:00hs. São celebrados casamentos, batizados, Celebração Eucarística diária, novenas, fica a capela do santíssimo aberta para visitação, celebrações da Semana Santa.

 Os valores pelo que representa na história do município e pela sua bela arquitetura a Igreja Matriz levaram a Igreja Matriz de São Gonçalo a ser reconhecida como patrimônio Cultural.

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Texto fornecido pelo Departamento de Cultura de São Gonçalo do Sapucaí-MG


 

GALERIA DE IMAGENS

Fotos de Uillian Santiago

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